O que começou como o início de um fim de semana tranquilo nos mercados financeiros virou um verdadeiro banho de sangue. As dez principais criptomoedas por valor de mercado, com exceção das stablecoins, operam no vermelho na última hora após o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, ameaçar impor novas tarifas sobre produtos da União Europeia (UE).
A declaração foi publicada na plataforma Truth Social nesta sexta-feira (23). O republicano acusou o bloco europeu de “se aproveitar dos Estados Unidos” e afirmou que as negociações comerciais estão estagnadas.
“Portanto, estou recomendando uma tarifa direta de 50% sobre a UE, a partir de 1º de junho”, escreveu. A tarifa proposta mais do que dobra a anterior de 20%, imposta temporariamente em abril.
Impacto nas criptomoedas e nos ativos globais
O bitcoin (BTC), que havia atingido uma nova máxima histórica de US$ 113 mil, caiu 2,5% após o anúncio e rompeu o suporte dos US$ 109 mil, sendo negociado a US$ 108.900 no momento da publicação do artigo. A queda generalizada liquidou US$ 500 milhões em posições alavancadas, afetando 150 mil traders, segundo a CoinGlass.
A tensão também se espalhou pelos mercados tradicionais. As ações da Apple caíram 3% no pré-mercado após Trump ameaçar impor uma tarifa de 25% caso a empresa não traga a produção de iPhones de volta aos EUA. Os principais índices acionários também despencaram: Dow Jones recuou 493 pontos, Nasdaq 100 caiu 1,7% e S&P 500 teve queda de 1,3%.
Enquanto isso, os rendimentos dos títulos europeus recuaram, com destaque para o bund alemão de 10 anos, que caiu 8 pontos-base.
Críticas e riscos de estagflação
Em entrevista à CNBC, o presidente do Federal Reserve de Chicago, Austan Goolsbee, disse que a tarifa de 50% pode provocar estagflação, combinando queda na atividade econômica com alta nos preços. “Ir a 10% já seria o maior nível em 90 anos. Ir a 50% é de outra ordem de magnitude”, disse.
Estagflação é o termo usado para descrever uma situação econômica em que ocorrem simultaneamente três fenômenos:
- Estagnação econômica – crescimento muito lento ou inexistente do PIB;
- Alta taxa de desemprego – sinal de que a economia não está gerando empregos;
- Inflação elevada – aumento contínuo dos preços de bens e serviços.
Esse cenário é preocupante, pois medidas tradicionais para combater a inflação (como aumento de juros) tendem a piorar o desemprego e a desacelerar ainda mais a economia. Já medidas para estimular o crescimento (como redução de juros ou aumento de gastos públicos) podem agravar a inflação. Por isso, é considerada uma das situações mais difíceis de serem administradas por autoridades econômicas.
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