Donald Trump trocou os xingamentos por um capacete de segurança para visitar a reforma da sede do Federal Reserve em Washington. Mas o gesto simbólico teve um claro recado: pressionar Jerome Powell, presidente da Fed, com críticas ao suposto gasto excessivo nas obras.
Em meio a uma campanha barulhenta por juros mais baixos, o republicano encontrou no orçamento da renovação — estimado por ele em US$ 3,1 bilhões — uma nova forma de atacar Powell, a quem acusa de “malversação” e insinua que deveria ser afastado antes de 2026.
💸 Uma visita constrangedora
Trump apareceu de surpresa nas obras, acompanhado de senadores aliados. Powell o recebeu e guiou o passeio — tudo sob os olhares atentos da imprensa.
Na coletiva improvisada, Trump lançou um número inflado para o custo da obra. Powell rebateu, explicando que parte do valor citado dizia respeito a outro edifício já concluído há anos.
Mesmo corrigido, Trump reforçou a crítica: “É muito dinheiro. Você pretende gastar mais?”. Powell respondeu que não.
🏦 Obra da discórdia
O projeto aprovado em 2017 visa modernizar os prédios da Fed com itens como janelas à prova de explosão e estruturas anti-sísmicas.
A reforma é defendida pela instituição como necessária para cumprir exigências de segurança, mas os aliados de Trump acusam a obra de luxuosa. Falam em “fontes, mármores e elevadores VIP”.
A ironia é que alguns desses acabamentos foram exigidos por membros da própria gestão Trump na Comissão de Belas Artes.
🎯 Pressão política e juros
O ataque à obra não é isolado. É mais um capítulo da tentativa de Trump de forçar Powell a cortar os juros — atualmente entre 4,25% e 4,50%.
Mas a Fed, que se reúne na semana que vem, não deve ceder. A expectativa é de manutenção dos juros, com uma possível redução só em setembro, diante dos riscos inflacionários e incertezas da política tarifária de Trump.
⚖️ Pode um presidente demitir o chefe da Fed?
A resposta curta é: não. A lei protege o presidente da Fed, e a Suprema Corte reforçou esse limite em maio.
Trump precisaria provar um motivo grave, como má gestão de recursos públicos, para tentar o afastamento de Powell. Daí o esforço em transformar a obra em escândalo.
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