Uma investigação do jornal The New York Times apontou que a família do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, arrecadou ao menos US$ 2 bilhões em apenas um mês de sua gestão na Casa Branca. Os dados foram obtidos por meio de registros financeiros da família.
Grande parte dos ganhos, segundo o veículo, veio de investimentos estrangeiros direcionados a empreendimentos ligados a criptomoedas, projetos imobiliários e clubes de luxo administrados pelos filhos do republicano.
Um dos destaques é a memecoin $TRUMP, liderada por Donald Trump Jr., que teria movimentado sozinha US$ 174 milhões.
Outro projeto no mercado de criptomoedas é o World Liberty Financial, chefiado por Donald Jr. e Eric Trump. Esse empreendimento recebeu um aporte de US$ 2 bilhões dos Emirados Árabes Unidos.
Além do meio cripto, os investimentos imobiliários também ganharam peso nos lucros. O Catar estaria ajudando a financiar um megacomplexo de resorts da família, avaliado em US$ 5,5 bilhões. Já uma empresa com ligações ao governo da Arábia Saudita teria injetado US$ 1 bilhão na Trump International Hotel and Tower em Dubai.
Na Europa, a presença de Trump também se expandiu. A Sérvia firmou um acordo com Jared Kushner, genro do presidente dos EUA, para a construção de um hotel de luxo no local onde funcionava o antigo Ministério da Defesa da Iugoslávia, projeto estimado em US$ 1 bilhão.
O New York Times destacou que esse nível de receita envolvendo uma família presidencial em exercício não tem precedentes na história recente dos Estados Unidos. No entanto, a Casa Branca negou qualquer conflito de interesse, alegando que os negócios da família estão sob responsabilidade exclusiva dos filhos do republicano.
Críticas dos democratas
Antes mesmo da matéria do New York Times, parlamentares dos Estados Unidos, tanto democratas quanto republicanos, manifestaram preocupações sobre os lucros bilionários da família Trump durante seu segundo mandato, principalmente relacionados a investimentos em criptomoedas, presentes de luxo e imóveis financiados por governos estrangeiros.
Os senadores Elizabeth Warren e Chris Van Hollen chegaram a solicitar que o político se desfaça de seus investimentos em stablecoins, temendo que esses vínculos financeiros possam influenciar negociações com governos estrangeiros e comprometer a integridade das políticas públicas.
Warren afirmou que Trump está “enriquecendo a si mesmo e sua família por meio de seus negócios em criptomoedas, enquanto sua administração enfraquece a supervisão do mercado”.
Além disso, o senador Richard Blumenthal lidera uma investigação sobre os laços do bilionário com a indústria blockchain, descrevendo as iniciativas como “venda de acesso à presidência” e “o ato mais corrupto já cometido por um presidente”.
Reações de parlamentares republicanos
O senador Rand Paul (R-KY) comentou sobre a aceitação por parte de Trump de um jato de luxo avaliado em US$ 400 milhões, oferecido pelo Catar. Embora não tenha feito críticas diretas ao colega, Paul destacou as implicações éticas e de segurança nacional associadas a tal presente de um governo estrangeiro.
Durante uma visita ao Oriente Médio, Trump manifestou insatisfação com o envelhecimento do Air Force One e disse que novos aviões estavam a caminho. Essa declaração veio após críticas bipartidárias sobre relatos de que ele poderia aceitar um jato luxuoso do Catar como substituto, o que bilionário anteriormente afirmou que “apenas um tolo” rejeitaria.
Legalmente, nos Estados Unidos, a aceitação de presentes de governos estrangeiros por funcionários federais, até mesmo o presidente, é restrita pelas cláusulas de emolumentos da Constituição dos EUA, a menos que aprovada pelo Congresso.
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