WSJ ignora contexto e tenta pintar correção cripto como colapso

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Imagem destaque: Pexels/ Michael Dupuis

O Wall Street Journal (WJS) publicou uma reportagem que questiona o modelo das chamadas crypto treasuries, empresas que mantêm grandes reservas nas principais criptomoedas. 

O texto enfatiza a queda das ações da Strategy, além de citar o desempenho negativo da BitMine e ETHZilla. A publicação também traz opiniões de investidores que enxergam riscos nesse tipo de exposição ao mercado cripto.

Abaixo, você confere a reescrita da matéria original publicada pelo WSJ, com os principais pontos apresentados no texto. 

A negociação de criptomoedas mais promissora do ano está desmoronando

Por meses, a estratégia preferida de muitos investidores foi vender ações ou tomar dinheiro emprestado para aplicar diretamente em criptomoedas ou em companhias que acumulam bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH). Agora, com a queda dos preços, essas apostas estão desmoronando.

O caso mais famoso é o da antiga MicroStrategy, hoje chamada apenas de Strategy. Desde que Michael Saylor transformou a companhia de software em uma gigante das criptos em 2020, o mercado embarcou na mesma onda. Mas os tempos mudaram. Com o BTC em queda, a companhia viu seu valor encolher de US$ 128 bilhões, em julho, para US$ 70 bilhões.

A queda também atingiu outras empresas que seguiram o mesmo caminho e os investidores que embarcaram nessa tese. Peter Thiel, nome de peso no Vale do Silício, apostou em diversas delas. Entre as mais afetadas estão:

  • BitMine Immersion Technologies, que caiu mais de 30% no último mês
  • ETHZilla, que perdeu 23% no mesmo período

💸 Quando pagar mais caro não compensa

O modelo das “crypto-treasuries” virou alvo de críticas mesmo durante a alta. Muitos apontavam o absurdo de comprar ações com valor superior ao das criptos mantidas por essas empresas.

“Você está pagando dois dólares por uma nota de um dólar”, disse Brent Donnelly, da Spectra Markets.

O cenário piorou em outubro, quando um anúncio surpresa de tarifas contra a China feito por Donald Trump desencadeou uma venda generalizada. A paralisação do governo dos EUA e a incerteza sobre os rumos da política monetária só agravaram a situação.

🔁 ETF caiu o dobro

Enquanto o bitcoin recuou 15% no mês, a Strategy perdeu 26%. O fundo MSTU, que busca o dobro da variação da empresa de Saylor, caiu 50%. O gestor Matthew Tuttle resume o cenário:

“Essas empresas são cripto alavancadas. Quando o mercado cai, elas caem ainda mais. Mas quem compra na baixa costuma ser recompensado”.

Jim Chanos, veterano de Wall Street, encerrou sua posição que apostava contra a Strategy e a favor do próprio bitcoin. Para o investidor, o prêmio excessivo dessas ações já foi corrigido.

Dinheiro em caixa não é problema

Nem todas estão em apuros. Muitas captaram tanto dinheiro que ainda têm recursos para continuar comprando cripto ou até adquirir concorrentes. 

É o caso da Strive, que comprou bitcoin a um preço médio mais alto do que o atual, mas afirma estar preparada para a volatilidade por ter levantado capital com ações preferenciais em vez de dívida.

Cole Grinde, um vendedor de bebidas de Seattle, investiu US$ 100 mil em BitMine a US$ 45 por ação. Com as quedas atuais, já perdeu US$ 10 mil. Ainda assim, decidiu reforçar sua posição. 

O empresário vende opções da empresa para compensar as perdas e aposta na força do Ethereum e na reputação de Tom Lee, atual CEO da BitMine.

“Ele tem carisma e bons contatos. Isso fez as ações dispararem desde que ele assumiu”, diz Grinde.

💬 O que ficou de fora

Embora a reportagem traga dados reais sobre a desvalorização de algumas ações ligadas a criptomoedas, o texto falha em apresentar o contexto completo do funcionamento desse mercado. 

A volatilidade, tratada como surpresa, é justamente um dos pilares conhecidos pelos investidores que apostam em criptomoedas. Quem entra nesse mercado já o faz com a consciência de que quedas bruscas fazem parte do ciclo natural das criptos.

Michael Saylor, por exemplo, não começou a acumular bitcoin ontem. Desde 2020, a Strategy passou por períodos de forte desvalorização, como o colapso da FTX, e mesmo assim manteve sua tese. 

O modelo de bitcoin treasury é público, transparente e voltado ao longo prazo. Reduzir tudo a uma “queda momentânea” é ignorar a performance histórica da empresa.

Além disso, o texto não menciona o preço médio de entrada da Strategy no BTC, nem o fato de que, no acumulado desde 2020, a companhia ainda registra desempenho positivo.

Para quem não acompanha o mercado com frequência, a impressão que fica é a de que o modelo estaria ruindo, quando na verdade trata-se de mais uma correção no caminho.

Outro ponto omitido é que usar empresas menores como base para generalizações também é questionável. São casos pontuais que não representam a totalidade das estratégias adotadas na indústria blockchain.

Por fim, é importante lembrar que o próprio mercado tradicional já reconhece o bitcoin como uma boa promessa de reserva de valor, vide a chegada de ETFs spot regulados e o interesse de instituições. A tese das crypto treasuries continua viva. O que muda é o humor do mercado no curto prazo e isso nunca foi novidade para quem conhece o jogo.

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